Eu gosto de destinos exóticos, pouco explorados e tenho uma grande fixação por conhecer todo o Brasil, em sua enorme diversidade. A primeira vez que ouvi falar no Jalapão foi há uns dez anos, quando o Rally dos Sertões passou por lá. Me disseram que era uma imensidão onipotente, com muito areão e estradas de terra que não acabavam nunca.
Alguns anos depois, trabalhando na revista Caminhos da Terra, eu fazia uma seção sobre roteiros de aventura e vira e mexe publicava algo sobre o Jalapão. E logo sentia aquela vontade de poder visitar um dia...
Em uma viagem a Chapada dos Veadeiros, conheci um aventureiro de Palmas que tornou a me falar do Jalapão: “é um lugar incrível, cheio de cachoeiras, eu já percorri toda região de bicicleta...” Mais uma vez aquele meu sensor, em busca de novas paisagens, se manifestou: tenho que ir para o Jalapão. Acredito que as vezes a gente é chamado a visitar certos lugares, e talvez isso tenha uma hora certa para acontecer.
Atendi a esse chamado em abril, e finalmente embarquei para o Jalapão, em uma excursão. Fui pela agência Venturas, que fechou a expedição com a Korubo, uma operadora fixa no Jalapão. A Korubo tem um acampamento permanente e bem equipado ao lado do Rio Novo.
A viagem começou em Palmas, onde no hotel, um caminhão adaptado para transportar passageiros nos pegou. As distancias são longas e a velocidade do caminhão deixa o trajeto ainda maior. Até a cidade de Ponte Alta, entrada do perímetro do Jalapão, a estrada é asfaltada, depois são apenas estradas de terra. Para percorrer 300 km de Palmas ao acampamento da Korubo, gastam-se 6 horas.
Algumas estradas de terra estão bem cuidadas, outras apresentam péssimo estado, com muitos buracos. Mas com carro 4X4 é tranqüilo de rodar por toda a região.
Na maioria das fotos que eu via do Jalapão aparecia a famosa duna de areia, e na minha cabeça o Jalapão era um deserto... Também referem-se a ele como Deserto do Jalapão. Mas não é nada disso, o Jalapão é chamado de deserto, por ser uma região muito grande, 30 mil km2, com um número minúsculo de habitantes. Um lugar bem bom para se sentir realmente isolado, distante, em meio a fantástica vastidão e onipotência da paisagem.
Está localizado, ao leste de Palmas, no cerrado brasileiro, região que tem duas estações definidas: seca, no inverno, quando o céu fica bem aberto pois não chove e cheia no verão, época em que chove praticamente todos os dias. Os atrativos são inúmeros, desde dunas, cachoeiras, nascentes naturais a morros, rios, praias de rio... É uma grande planície de terra vermelha, rodeada por serras e chapadas.
Na Cachoeira da Formiga é incrível ver a cor da água, azul turquesa, e uma delícia de nadar. A Duna impressiona. Como no meio de uma planície verde pode haver areia...? O que se justifica na sedimentação de um morro.
O famoso Fervedouro é uma nascente de água que está bem em um poço de areia. Então a água constante mente está empurrando a areia fina para cima, fazendo um redemoinho. Por mais que não dê pé, a gente não afunda! Adorei a sensação de entrar nesse poço e o corpo não afundar. Você fica pulando e parece uma cama elástica natural que te empurra para cima.
O que se tornou cansativo em nossa viagem foi a volta ao mesmo local sempre, o acampamento. O Jalapão é imenso e se você ficar sempre em um mesmo ponto, tem que percorrer distancias grandes de carro todos os dias para chegar aos atrativos. A gente perdia de 4 a 6 horas por dia em deslocamento. Isso pode até ser divertido se você está no seu 4X4, dirigindo, curtindo uma aventura off road, ou de co-piloto, desvendando os caminhos. Só de passageiro fica monótono.
O Jalapão é um local excelente para quem gosta de dirigir na terra, um parque de diversões., com estrada de terra sem fim. O mais legal é planejar uma rota e dormir cada dia em um local diferente, são 4 principais cidade que formam um quadrilátero na região: Ponte Alta do Tocantins, Mateiros, São Felix do Tocantins e Novo Acordo. Dá para dormir em pousadinhas nas cidades ou acampar, em algumas cachoeiras e praias de rio, tem estrutura de camping.
Outra maneira de explorar o Jalapão é pelos rios, fazendo rafting. O local é considerado o melhor ponto de rafting no Brasil. Algumas operadoras fecham pacotes de 4 dias, fazendo rafting e acampando a noite.
Apesar de ter embarcado com muitas expectativas e alguns julgamentos errados acerca da região, foi muito bom percorrer esse enorme pedaço isolado das terrinhas brasileiras. E eu quero voltar, guiando o meu jipinho, para uma aventura mais off road...
No comments:
Post a Comment