Viajar é uma grande estímulo e oportunidade de conhecer coisas novas e talvez despertar interesse por assuntas antes nem pensados. Eu passei um tempo na Europa e no Museu do Picasso de Barcelona conheci o trabalho da fotografa americana Lee Miller. Alguns meses depois em Londres, no Vitória & Albert Museum, excelente museu, rolou uma exposição sobre a obra toda de Lee. Uma mulher “avant la garde”.
Nasceu no começo do século XX, no interior de Nova Iorque. Começou a carreira como modelo para a Vogue, convidada pelo fundador da revista Condé Nast, enquanto passeava pelas ruas de Nova Iorque.
Fez grandes trabalhos para a Vogue como modelo, muitas vezes fotografada por Edward Steichen. E em 1929 decidiu ir morar em Paris e tornar-se fotografa. Indicada por Steichen, foi procurar Man Ray, para tornar-se sua assistente.
Era uma mulher bonita, persistente e forte, conseguiu convencer Man Ray a aceitá-la como assistente e aluna. Juntos formaram uma grande parceria, ele ensinou tudo a ela. Eles desenvolveram o método de solarização, muito usado na fotografia surrealista. Foram também amantes. Lee participou do Movimento surrealista como fotógrafa e musa. Foi pintada por Picasso, participou de um filme de Jean Cocteau e é a modelo de diversas fotos de Man Ray.
Além de ter participado do movimento surrealista ativamente, mais tarde casou-se com Roland Penrose, pintor surrealista e colecionador de arte, ela também foi uma das poucas mulheres que praticava os preceitos do movimento em sua vida. Lee tinha o espírito surrealista. Vivia conforme seus desejos, não deixava a sociedade ser uma imposição em seu comportamento. Agia por impulsos. Deixou Paris e voltou para Nova Iorque, onde teve um badalado estúdio de fotografia.
Com o estúdio cheio de clientes, muitos deles famosos e ricos ela largou tudo para se casar com um egípcio que a levou para o Cairo. Em 1937 conhece Roland Penrose, durante umas férias na França e apaixonasse loucamente por ele. Dois anos depois, abandona o Egito rumo a Londres para viver com ele.
O segundo período de sua produção fotográfica se deu principalmente na Europa, trabalhando para a Vogue e outras revistas da mesma editora. Conseguiu autorização para ser correspondente de guerra pela Vogue, na Segunda Guerra Mundial. Uma mulher realmente moderna, independente e ousada para o seu tempo, com um rico arquivo de imagens.
Foi sem duvida um grande encontro meu com a obra dessa artista. Cursei pós-graduação em História da Arte na Faap, e levei a Lee Miller como tema da minha monografia.
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